terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os Coveiros do Metro Mondego

Durante anos prometeram às populações dos concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra, um novo sistema de transportes denominado "Metropolitano Ligeiro do Mondego".

Por várias vezes alertámos o Governo para a necessidade de uma séria avaliação dos custos do investimento.

Após vários anos de incertezas e discussões sobre o melhor modelo, as obras iniciaram-se.

O serviço ferroviário foi suspenso e substituído pelos serviços alternativos rodoviários.

O início de exploração da 1.ª fase (Linha da Lousã) deveria ocorrer no final de 2012.

Ficámos na altura surpreendidos e estupefactos ao tomar conhecimento de que o governo pediu à sociedade Metro Mondego para estudar vários cenários alternativos para o investimento em curso.

Estes cenários passavam todos pelo atraso na entrega e/ou aquisição do material circulante e pelo atraso no lançamento dos concursos em falta, condicionando assim a reentrada em funcionamento do serviço.

Tratam-se de cenários que comportam graves prejuízos econômico/financeiros e sociais para os concelhos abrangidos, o que não admitimos.

Somos agora surpreendidos pela comunicação social que a “REFER suspende obras do metro”. A REFER comunicou aos empreiteiros que vai suprimir as intervenções referentes às especialidades de via-férrea e catenária por causa do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC).

Entre Serpins e o Parque da Cidade, em Coimbra, existia um sistema de transporte ferroviário a funcionar há mais de um século que garantia o transporte da população dos concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, de e para o centro de Coimbra.

Não é compreensível suprimir um serviço sem garantia da existência de condições financeiras necessárias à execução da obra em tempo útil.

É indiscutível que a actual situação do país obriga a uma grande contenção no investimento público. Os recursos, sendo escassos, devem ser utilizados para as obras prioritárias, e entre estas estarão, seguramente, as obras já em curso.

Consideramos que o Metro do Mondego é indiscutivelmente uma obra prioritária, não só porque já se encontra em curso, mas também porque é uma obra destinada a repor em funcionamento um serviço que já existia, que funcionava e que foi interrompido.

Não podemos aceitar que num período em que se impõe a contenção de custos se paguem milhões de euros de eventuais indemnizações por suspensão das obras.

O PEC deve ser aplicado criteriosamente, devendo este investimento seguir o seu curso normal, até à reposição do anterior serviço de transporte público ferroviário, que funcionava entre Serpins e o Parque da Cidade em Coimbra, bem como das restantes obras. Temos de ter bom senso.

O Governo e a REFER, caso mantenham esta posição, serão no futuro, sempre lembrados como “os coveiros do Ramal da Lousã”. O Povo não vai esquecer.

Com estas atitudes, o Governo consegue que a opinião pública desacredite definitivamente neste investimento.

Os cidadãos têm de ser respeitados. Não podemos brincar com a vida das pessoas como que se fosse um qualquer jogo.

Torna-se impreterível e urgente que mudem de intenção e terminem os investimentos em causa. Coloquem os carris, coloquem as catenárias, coloquem o material circulante a funcionar.

A concretização de qualquer atraso nas obras, prolongamento do encerramento da linha e a não aquisição de material circulante é considerado por nós, como um crime contra os concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e de Coimbra.

Sentimo-nos enganados e injustiçados.

Não quero acreditar que, relativamente ao processo “Ramal da Lousã/Metro Mondego”, a Monarquia seja melhor que Democracia. No entanto, o Rei D. Luís mandou construir o Ramal e o Sr. 1.º Ministro Eng. José Sócrates...


Sérgio Seco

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