terça-feira, 24 de maio de 2011

Já basta de mentiras. Desafiamos Ana Jorge e o governo socialista a colocarem de imediato os carris no ramal

Ana Jorge, cabeça de lista do Partido Socialista por Coimbra e actual Ministra da Saúde, defendeu sexta-feira em entrevista ao Diário de Coimbra a utilização de autocarros em vez de comboios como solução para o Metro Mondego / Ramal da Lousã.

Inquirida sobre o futuro do Metro Mondego Ana Jorge disse textualmente, segundo o jornal:
"Há alguns problemas relacionados com os túneis porque pode haver ali um meio de transporte relativamente leve e menos oneroso (autocarros). Esse pode ser o caminho a seguir, mas é preciso ver a compatibilização desse tipo de autocarros dedicados com os túneis."

Todos percebemos agora porque é que o governo do partido socialista se arrisca a pagar mais de sete milhões de euros de indemnizações para suspender a colocação dos carris tal como estava adjudicado.

Todos percebemos agora porque é que na Lousã no local da antiga linha de comboio foram alcatroadas estradas, feitas rotundas e construídos passeios.

Por detrás desta decisão absurda está o projecto do partido socialista de transformar o Ramal da Lousã numa estrada de alcatrão para autocarros.

É em momentos de distracção que vêm ao de cima as verdadeiras intenções. A Ana Jorge num momento de distracção fugiu-lhe a boca para a verdade.

Os mais atentos já há muito tinham percebido isto. Várias pessoas ligadas ao governo, em momentos de descuido, têm aparecido a falar em colocar autocarros no ramal.

Depois, perante a reacção firme da população, lá vão dizendo que afinal não é bem assim, que afinal não foram bem entendidos, que afinal só estavam a estudar o assunto, que afinal aceitam a ferrovia.

Já nos habituámos a esta hipocrisia socialista.

O alcatroamento do Ramal da Lousã com colocação de autocarros é a verdade que o partido socialista tenta a toda a força esconder por detrás da mentira mas que quando distraídos alguns socialistas, menos cautelosos, lá vão deixando escapar em momentos de deslize.

Ana Jorge usando a técnica Sócrates veio depois dizer à Lusa que afinal não foi bem aquilo que tinha dito. Que é tudo maledicência. Que a culpa é dos jornalistas que deturparam e truncaram as suas palavras.

Hoje, ficámos a saber pelo texto publicado pelo director do Diário de Coimbra que afinal a cabeça de lista socialista tinha dito mesmo tais disparates.

Que a entrevista até tinha sido gravada e que o jornal tem a gravação e que teve o cuidado de a reouvir. João Campos vai mesmo mais longe e denuncia que Ana Jorge tanto sabia que assim era que pelo menos até ontem não tinha pedido nenhum desmentido ao jornal.

Importa agora que o partido socialista e o governo demonstrem duma vez por todas quais as suas verdadeiras intenções. Estamos todos fartos de verdades escondidas por detrás das mentiras.

Se o partido socialista e o actual governo socialista defendem de facto um sistema de transporte sobre carris, que o demonstrem de imediato.

Já não nos chegam desculpas esfarrapadas para os deslizes.

Se Ana Jorge e o partido socialista querem de facto colocar um sistema ferroviário no ramal provem-no não pagando as indemnizações e mandando de imediato iniciar a colocação de carris.

Mas façam-no já e comecem a colocar os carris antes das eleições, para mostrarem que estão a falar verdade.

Grande parte do canal está já pronto a levar carris. No centro da Lousã o canal até já está alcatroado.

Lanço daqui um desafio a Ana Jorge, ao partido socialista e ao governo socialista. Comecem de imediato a colocar os carris no ramal.

A colocação dos carris fazia parte das empreitadas que estão a decorrer. O governo é que a mandou suspender.

Assim o governo poupa mais de sete milhões de euros de indemnizações e demonstra que nós estamos enganados.

Grande parte da plataforma está pronta para isso. Os trabalhos foram adjudicados aos empreiteiros. Tecnicamente é possível. Mãos à obra. Comecem já!

Mas comecem mesmo já. Não estou a falar de promessas para depois das eleições. Essas já todos percebemos o que valem.

É essa a única maneira de demonstrarem que as desculpas esfarrapadas não passam de mentiras para ocultar a verdadeira intenção de colocar autocarros no ramal.

O partido socialista tem demonstrado não ter qualquer respeito pelo nossa distrito e pela nossa gente. É um facto histórico. Desde prendarem-nos com a co-inceneração até nos tirarem as sedes das direcções regionais os exemplos são muitos.

Dentro desta linha de atitudes Sócrates tem imposto ao distrito uma cabeça de lista que do distrito pouco mais conhece do que os hospitais.

Vem aqui uma vez por outra na altura da campanha, desaparece durante a legislatura tirando uma ou outra vinda aos hospitais como ministra e lá volta depois de novo, uma vez por outra, para nova campanha.

Talvez por esse alheamento dos problemas do nosso distrito Ana Jorge se tenha descuidado e tenha deixado que a boca lhe fugisse para a verdade.

A atitude é indesculpável mas ainda podemos dizer que tem a atenuante da indiferença de Ana Jorge aos verdadeiros problemas do distrito.

Mas... e os outros candidatos do partido socialista? Como é possível que se tenham calado perante os disparates de Ana Jorge?

Como é possível que Mário Ruivo, candidato e presidente da distrital socialista se tenha calado perante tamanho disparate, preferindo dizer que sim ao partido do que defender o interesse do distrito?

Como é possível que Horácio Antunes, candidatos e antigo presidente da câmara da Lousã se tenha calado perante tamanho disparate, preferindo dizer que sim ao partido do que defender o interesse do seu concelho e do distrito?

Como é possível que Ana Gouveia, candidata e vereadora da câmara de Miranda se tenha calado perante tamanho disparate, preferindo dizer que sim ao partido do que defender o interesse do seu concelho e do distrito?

Não é por acaso que a semana passada Álvaro Maia Seco, candidato a presidente e actual vereador socialista da câmara de Coimbra veio publicamente afirmar que na equipa da secretaria de estado deste governo do partido socialista “a imbecilidade é muito grande”.

Este governo socialista tudo tem feito para substituir os carris por autocarros. Importa registar os factos.

Todos sabemos que o partido socialista está no poder há mais de seis anos.

Todos sabemos que até Janeiro do ano passado tínhamos comboios a circular no ramal da Lousã.

Todos sabemos que nessa data o actual governo socialista mandou arrancar os carris e interromper a circulação.

Todos sabemos que passados cinco meses, logo em Junho, o mesmo governo do partido socialista mandou suspender a já adjudicada colocação de carris (podendo ter que pagar mais de sete milhões de euros de indemnizações já reclamadas pelos empreiteiros).

Todos sabemos que desde essa data até hoje o mesmo governo não adjudicou mais nenhuma das empreitadas necessárias à continuação da obra.

Todos sabemos que a Assembleia da República aprovou uma recomendação ao governo no sentido de serem de imediato reactivadas as obras do Metro Mondego, no troço entre Serpins e a Portagem, com a necessária conclusão das obras em curso e a adjudicação das obras em falta.

Todos sabemos que o governo se “marimbou” nesta recomendação.

Todos sabemos que em Fevereiro deste ano o ministro e o secretario de estado reuniram com os três presidentes de câmara e lhes prometeram que iniciavam as obras entre o Alto de S. João e S. José no prazo máximo de 30 dias.

Todos sabemos que até ao momento, quatro meses passados, o governo não iniciou coisa nenhuma.

Todos sabemos que o governo criou uma comissão para tirar ao projecto eventuais custos desnecessários que o mesmo pudesse conter.

Todos sabemos que o relatório já apresentado por esta comissão recomendava ao governo, entre outras coisas, que devia anular de imediato a suspensão da colocação dos carris, a fim de assim poupar mais de sete milhões de euros de indemnizações aos empreiteiros.

Todos sabemos que o governo fez “orelhas moucas” desta recomendação.

Todos sabemos que já por várias vezes foi defendido por elementos deste governo o alcatroamento do canal e a colocação de autocarros, como solução para o Ramal da Lousã / Metro Mondego.

Todos sabemos que a cabeça de lista do partido socialista numa entrevista ao Diário de Coimbra, publicada na sexta-feira, veio defender a colocação de autocarros em vez de composições sobre carris numa atitude de total desrespeito pelas pessoas.

Todos já percebemos quais as verdadeiras intenções do partido socialista.

Todos sabemos que os mirandenses, lousanenses e conimbricenses estão a ser “tramados” por este governo socialista.

Agora, nesta matéria do Ramal da Lousã / Metro Mondego tudo ficou claro. A solução do PSD é um sistema de transporte sobre carris e a solução do PS são autocarros.

Aos eleitores resta escolher qual a solução que pretendem.

Basta de tanta irresponsabilidade e de tanto desprezo pelas pessoas de Miranda, Lousã e Coimbra.

O que o partido socialista, pela voz da sua cabeça de lista, pretende fazer com o Ramal da Lousã é um crime intolerável contra a dignidade e a qualidade de vida da população.

Termino como comecei deixando aqui um desafio público a Ana Jorge e ao governo do partido socialista.

Demonstrem no terreno o que dizem agora ser as Vossas intenções.

Poupem-se mais de sete milhões de euros.

Comecem de imediato a proceder à colocação de carris. Mas já. Antes das eleições.

Pela minha parte ficarei muito contente se amanhã puder ir ver o início da colocação dos carris na rotunda alcatroada da Lousã.

Diário de Coimbra desmente a cabeça de lista socialista

Ana Jorge, a cabeça de lista socialista que defende o alcatroamento do Ramal da Lousã com a colocação de autocarros no canal, percebendo que a sua ideia não recolhe grande apoio da população resolveu inverter o discurso, passando a dizer o contrário do que pensa.


O problema é que a senhora tinha dito este disparate numa entrevista ao Diário de Coimbra e a coisa foi publicada.

Nada como usar um truque à Sócrates. Acusar toda a gente de maledicência e os jornalistas de lhe terem deturpado e truncado as declarações.

Porque é nestas alturas que se vê o carácter, ou a falta dele, das pessoas importa divulgar aqui a nota publicada hoje no Diário de Coimbra pelo seu director, João Campos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

CABEÇA DE LISTA DO PARTIDO SOCIALISTA DEFENDE AUTOCARROS COMO SOLUÇÃO PARA O RAMAL DA LOUSÃ




Ana Jorge, cabeça de lista do Partido Socialista por Coimbra e actual Ministra da Saúde, defendeu hoje em entrevista ao Diário de Coimbra a utilização de autocarros em vez de comboios como solução para o Metro Mondego / Ramal da Lousã.

Inquirida sobre o futuro do Metro Mondego Ana Jorge disse textualmente, segundo o jornal:
"Há alguns problemas relacionados com os túneis porque pode haver ali um meio de transporte relativamente leve e menos oneroso (autocarros). Esse pode ser o caminho a seguir, mas é preciso ver a compatibilização desse tipo de autocarros dedicados com os túneis."

Percebe-se agora porque é que o governo do partido socialista prefere pagar mais de sete milhões de euros de indemnizações para suspender a colocação dos carris tal como estava adjudicado.

Por detrás desta decisão está o projecto do partido socialista de transformar o Ramal da Lousã numa estrada de alcatrão para autocarros.

É em momentos de distracção que vêm ao de cima as verdadeiras intenções. Ana Jorge segue o guião de Sócrates e deste governo socialista.

Agora nesta matéria do Ramal da Lousã / Metro Mondego tudo ficou claro. A solução do PSD é um sistema de transporte sobre carris e a solução do PS são autocarros.

Aos eleitores resta escolher qual a solução que pretendem.

Basta de tanta irresponsabilidade e de tanto desprezo pelas pessoas de Miranda, Lousã e Coimbra.

O que o partido socialista, pela voz da sua cabeça de lista, pretende fazer com o Ramal da Lousã é um crime intolerável contra a dignidade e a qualidade de vida da população.

Escolas Públicas... As Diferenças Entre Passos e Sócrates

José Sócrates acusa Pedro Passos Coelho de não querer escolas públicas boas.

Com essa acusação, Sócrates, o dissimulado, quis fazer passar-se por paladino da escola pública.

Só que os factos desmentem Sócrates.

José Sócrates tem os dois filhos, Eduardo e José Miguel, em colégios privados de elite: Colégio Moderno e Colégio Alemão.

Pedro Passos Coelho, tem as duas filhas, Joana e Catarina, em escolas públicas.

É tempo de vermos a realidade para além das aparências, das mentiras e das ilusões plantadas pela cegueira ideológica.

Reunião com Autarcas Concelhios

A comissão política de secção de Miranda do Corvo do PSD realizou uma reunião de trabalho com os seus eleitos nos diversos órgãos municipais, com o objectivo de traçar algumas linhas orientadoras da actuação na campanha eleitoral para as legislativas de 5 de Junho no concelho.

A reunião contou com uma forte adesão dos elementos eleitos estando as 5 freguesias muito bem representadas.

O PSD de Miranda do Corvo deu assim o “pontapé de saída” na pré-campanha eleitoral no concelho, explicando quais as principais razões para no dia 5 de Junho a escolha recair no Dr. Pedro Passos Coelho.

O presidente da concelhia, Carlos Ferreira, abriu a sessão informando do estado em que se encontra o país, nomeadamente fazendo uma retrospectiva do que foram os últimos 6 anos de governação ruinosa do partido socialista e de José Sócrates.

Perante o estado a que o governo socialista conduziu o país todos vamos ter de estar unidos e de lutar por um discurso e acção de verdade e de esperança para o futuro, conscientes sempre das dificuldades pelas quais o PS nos colocou e que vamos ter de ultrapassar.

Em linhas gerais foram debatidas algumas medidas do programa eleitoral, sendo certo que existe um tema muito importante para Miranda do Corvo, que é o Ramal da Lousã/Metro, tema este já assumido como prioritário e para o qual o PSD terá uma solução.

Fátima Ramos abordou o tema da crise económica, que apesar de Europeia/Mundial, teve muito maior impacto em Portugal, estando ainda o país “mergulhado” nesta crise devido às “teimosias” do Primeiro-ministro, bem como à sua miserável e lastimável gestão.

Recordou que com este governo, mesmo antes da crise, Portugal já estava em divergência de crescimento em relação à Europa.

Afirmou ainda que os políticos como José Sócrates descredibilizam a classe política, porque sistematicamente não “cumprem o que prometem”. Realçou ainda que quando não se tem a certeza de conseguir cumprir determinada promessa esta não se deve fazer.

Hoje em dia temos um país com as assimetrias cada vez maiores entre os ricos e os pobres, entre o litoral e o interior.

José Manuel Simões traçou também o quadro do que foram os fracassos da governação socialista dos últimos anos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Resultado da Gestão Socialista de José Sócrates

Nos últimos dezasseis anos o partido socialista governou-nos durante treze anos e meio.
Estamos num País que fruto de uma desastrosa Governação socialista, especialmente nos últimos seis anos atingiu:
· O pior crescimento económico médio dos últimos 90 anos com divergência dos níveis de vida com a média europeia.
· A maior taxa de desemprego dos últimos 90 anos com quase 700.000 desempregados e mais de 300.000 desempregados de longa duração.
· O crescimento acelerado da despesa pública e do avolumar de encargos sobre as gerações futuras.
· A maior dívida pública, directa e indirecta, dos últimos 160 anos, tendo duplicado nos últimos 6 anos.
· A maior dívida externa dos últimos 120 anos, tendo igualmente quase duplicado nos últimos 6 anos e sendo hoje quase 8 vezes maior do que as nossas exportações.
· Cerca de 50% do nosso endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado.
· Portugal está hoje no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis.
· A mais baixa taxa de poupança nacional bruta (privada e pública) dos últimos 50 anos, em queda continuada e muito afectada pelos défices públicos dos últimos 6 anos.
· A segunda maior vaga emigratória dos últimos 160 anos, saindo nesta fase do país pessoas qualificadas (a maior fuga de cérebros na zona da OCDE).
· O acentuar das desigualdades sociais e das assimetrias regionais, pondo em causa a coesão nacional.
· Um sistema de justiça num caos com 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis (em 1995, havia 630 mil).
· A pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia).
Isto não é retórica política. São factos. Factos que o Governo negou durante anos até chegarmos a esta lamentável situação.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dignidade Nacional

JOÃO CÉSAR DAS NEVES
(Diário de Notícias 2011-04-11)
Nas próximas eleições existe um elemento fundamental em jogo: dignidade nacional. Se, como várias vozes alvitram, o partido de José Sócrates tiver um resultado digno, a nossa democracia sofrerá um rude golpe. Portugal será a chacota mundial.
Não se trata de uma questão de votos, mas de elementar racionalidade. Aqueles dirigentes que presidiram seis anos, quatro dos quais em maioria, aos destinos nacionais, não podem ser poupados. Depois de longos tempos a negar a realidade, a manipular a imagem, a pintar quadros ilusórios em que cidadãos e mercados não acreditam, só ficarão impunes com descrédito para o sistema político.
Nos últimos 32 meses, ou o Governo ignorava a realidade ou sabotou deliberadamente a situação nacional. Não há outra explicação. Se a charada da vitimização tiver êxito eleitoral, isso mostra não a qualidade do Governo mas a tolice dos eleitores. Com a chantagem da instabilidade, ficção da política de sucesso, desplante de negar o óbvio, Sócrates andou anos a dançar na borda do vulcão. Agora que o País caiu lá dentro, o PS não pode ser poupado. Como na Grécia e na Irlanda, Portugal precisa de que ele perca forte a 5 de Junho.
Antigamente, algo evitava estas circunstâncias. Chamava-se vergonha. O responsável pela condução nacional ao colapso, mesmo considerando-se tecnicamente inocente, assumia politicamente a situação e afastava-se para dar lugar a outros. Mas esse pudor político anda muito arredado das praias nacionais, como andou no auge do Liberalismo oitocentista e na ruína da Primeira República. Mais que a incompetência e corrupção, era o descaramento dos responsáveis que então destruía a vida nacional. Foi essa a nossa experiência democrática até meados do século XX.
Por isso, após 1974 tanto se temia o regresso da liberdade, que nunca rodara bem nestas paragens. Surpreendentemente, o regime funcionou. Funcionou mesmo muito satisfatoriamente. Nas três primeiras décadas após Abril, apesar de inevitáveis tropelias e abusos, presentes em todos os regimes, existiu honra, dignidade, elevação, acompanhada por alternância e desportivismo. É isso que tem resvalado ultimamente. As próximas eleições mostrarão se regressámos à antiga podridão ou se foram lapsos passageiros.
Mas não há situações em que, após o desastre, a administração permanece? Sim, nos casos de Mugabe, Gbagbo e, até há pouco, Mubarak ou Kadhafi. É essa semelhança que nos condena.
Quer isto dizer que o Partido Socialista tem de ser punido? Este PS sim! Aliás, o partido é uma das grandes vítimas da situação. A reeleição estrelar de José Sócrates, consagrada no XVII Congresso, com votações à Mugabe, apenas manifesta isso de forma pungente. Quando acabar o delírio, será preciso salvar o partido deste longo pesadelo que se arrisca a afectá-lo gravemente. Além de arruinar o País, o consulado Sócrates, na única maioria absoluta socialista, danificará seriamente a sua área ideológica. Na ânsia de se salvar política e pessoalmente, o primeiro-ministro enterra aquilo mesmo que diz defender.
Uma das declarações originantes na nossa democracia deu-se a 26 de Novembro de 1975. O vitorioso major Ernesto Melo Antunes disse na televisão, relativamente aos vencidos: "A participação do PCP na construção do socialismo é indispensável." Agora é bom lembrar que o Partido Socialista é também indispensável à democracia. Estes meses são dos piores da sua ilustre história. Mas o longo delírio socrático, que termina nesta louca corrida para o abismo num autismo aterrador, não pode servir para desequilibrar duradouramente a estrutura partidária nacional. Há que salvar o PS de si mesmo.
No dia 5 de Junho, os portugueses votarão. Costuma louvar-se a sabedoria do povo. É fundamental que os eleitores, entre alternativas mornas e demagogia dura, compreendam a situação. A escolha hoje não é de políticas. Após 32 meses de negação, ilusões e derrapagem, quem for eleito terá grande parte da sua tarefa definida pelos nossos credores. O que está em causa é mesmo a dignidade nacional.