terça-feira, 15 de março de 2011

Sr. Primeiro Ministro, obviamente demita-se...

Portugal vive hoje um período impar na sua história. Vivemos numa crise financeira e social sem precedentes e para a combater temos um governo que se recusa a governar.
Se virmos por um lado, temos uma enorme dificuldade em nos financiar-mos, temos as importações a aumentarem em maior escala que as exportações, temos um défice cada vez maior e um país incapaz de produzir mais. Temos um governo que na mesma semana anuncia a intenção de cortar nas pensões mais baixas e ao mesmo tempo se prepara para diminuir os impostos relativos ao Golf de 23% para 6%.
Se tivermos atenção a outro lado, temos uma taxa de desemprego a subir em flecha. Temos 44% de desempregados entre os 15 e os 35 anos. Temos uma geração apelidada de "à rasca" por apenas lhe darem uma garantia para o futuro: Pagar o actual desgoverno socialista. Para contrariar isto temos um governo que julga que pensar nos jovens é aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou aprovar o aborto.
Deslocando ainda a vista para outro lado, temos um país em que ninguém acredita na justiça. Temos um país em que os juízes querem ser políticos e em que os políticos querem ser juízes. Temos um país em que a justiça tem uma velocidade para ricos e outra velocidade para pobres. Para dar transparência a isto temos um primeiro-ministro cujas escutas o vento leva sem que ninguém se questione sobre o seu conteúdo.
Se continuarmos e olharmos para outro lado, temos um país em que os filhos de pobres não têm o mesmo direito a educação dos filhos dos ricos. Temos um país em que se continuam a abrir cursos sem pensar no futuro de quem os frequenta. Temos um país em que a mediocridade tirou lugar a meritocracia. Para contrariar isto temos um Primeiro-Ministro que ninguém sabe bem de que maneira tirou o curso. Temos um governo que proíbe os professores de chumbar para nos dar números bonitos de uma suposta educação exemplar.
Se olharmos agora ainda para outro lado, temos um país em que os gestores públicos são dos gestores públicos mais bem pagos no mundo. Temos um país em que existem milhares de organismos públicos. Temos um país onde se corta na despesa renovando as frotas de carros. Para resolver isto temos um governo que congela os salários mais baixos da função pública permitindo que estes senhores continuem a viver como ricos mas suportados pelos pobres.
Se continuarmos a olhar para mais lados veremos que temos um país onde a saúde é supostamente gratuita para todos mas onde todos pagam a saúde. Temos um país onde se pagam impostos no gasóleo para contribuir para as SCUTS gratuitas que não são gratuitas. Temos um país em que os desempregados ganham mais para estar no sofá sossegados do que os meus avós que trabalharam a vida inteira ganham de reforma. Temos um país em que o interior se desertifica a mesma velocidade que nos afastamos da Europa. Temos um país que faz TGV’s mas não tem dinheiro para repor linhas férreas que ele mesmo destruiu. Para combater isto temos um governo que de três em três meses, quando precisa de aprovar um plano qualquer para nos enterrar ainda mais depois da asneira que fez nesses três meses nos fala de interesse nacional.
Sr. Primeiro-Ministro, deixe-me que lhe diga o que é o interesse nacional.
O interesse nacional é cortar nas despesas desnecessárias do estado e não cortar nos salários e pensões dos mais pobres.
O interesse nacional é criar condições as nossas empresas para que estas possam empregar os nossos jovens e não dar aos nossos jovens a possibilidade de casarem com gente do mesmo sexo ou de abortarem quando querem.
O interesse nacional é que a justiça se ocupe do que realmente lhe interessa, com celeridade mas celeridade para todos e não só para alguns.
O interesse nacional é que exista liberdade de escolha na educação. É que os filhos dos pobres tenham o direito a andar na mesma escola que os filhos dos ricos e não que proibamos os professores de chumbar para que as notas de todos nos pareçam óptimas.
O interesse nacional é que os gestores ganhem de acordo com as possibilidades do país. 
O interesse nacional é que o estado acabe com a vergonha do excesso de organismos públicos e suas mordomias. 
O interesse nacional é que tenhamos o estado que podemos pagar e não o estado que não podemos pagar e pelo qual obrigaremos as próximas gerações a passarem fome para o poderem pagar.
O interesse nacional é que pelo menos os pobres tenham direito a uma saúde gratuita e de igual qualidade à dos ricos. 
O interesse nacional é que todos tenham direito a fundos de subsistência mas que todos façam algo para o terem. 
O interesse nacional é que não sejam cometidos crimes como o do Ramal da Lousã.
Não sei que figura geométrica traduziria todos estes lados que aqui estão presentes. Sei que como estes poderia exemplificar muito mais lados que proporcionariam imensas figuras que poderiam representar o nosso desgoverno. 
Portugal precisa de um governo com vontade de governar. Portugal precisa de uma estratégia de futuro. Portugal precisa de coragem para fazer diferente.
Por falar em coragem...
Sr. Primeiro Ministro, obviamente demita-se.

José Miguel Ferreira